Fui falar com o Cristo negro da Irmandade dos Ciganos. Penitenciei-me por ser portuguesa, preguiçosa, procrastinadora. Penitenciei-me por ser «de esquerda». Penitenciei-me por querer uma revolução. Penitenciei-me por aplaudir o trabalho de alguns deputados da assembleia burguesa. Penitenciei-me por acompanhar e respeitar o trabalho dos camaradas da CGTP. Penitenciei-me por ser militante de um partido. Penitenciei-me por entender as razões dos que reagem com violência nas ruas a uma violência ainda maior que lhes é imposta pela ordem financeira. Penitenciei-me por entender os que não querem estar em partido algum. Penitenciei-me por acreditar na política e por acreditar em formas diversas de lutar por uma sociedade mais justa, por achar que se pode estar em muitos sítios ao mesmo tempo e com gente diferente. Penitenciei-me pela minha juventude e pelos meus privilégios de acesso ao debate e ao esclarecimento. Penitenciei-me pelo radicalismo e pelo reformismo, pela soberba e pela traição. Mais ainda, acreditar na unidade e que há uma linha muito clara que diferencia duas formas distintas de estar no mundo: a dos privilégios e a outra (a que que acredito ser a minha). E que para cá dessa linha devemos estar juntos, com tolerância, e lutar. Guardei a última penitência para a ideia de que há uma urgência na resposta à guilhotina que nos ameaça cortar as últimas das liberdades agora, e que essa ideia não compromete um projecto político de longo prazo. Expiados os pecados, não me restaram mais forças senão para apreciar a música. Sinto-me só, no meio da banda.
Isto não está nada fácil, não
desde quando pediu cristo penitências ? quem pediu penitencias foi a igreja romana, nao cristo.
es de que partido ? da fer ?
Caro Anónimo,
Lamento o teu pouco sentido de ironia. E lamento também que não tenhas entendido que isto este texto é contra os sectarismos. O momento que vivemos é inédito na história da democracia e enquanto estivermos todos a investir em defender a nossa barraquinha, a direita destrói a nossa grande casa comum. Já agora, espanta-me a tua ignorância sobre cultura pagã e histórias das idiossincracias ibéricas.
Um abraço fraterno e espero que desenvolvas algum sentido de humor e fraternidade.
oi chaves ! percebi bem percebido, mas resolvi ir por ali… quanto à minha ignorância sobre cultura pagã, só te espanta porque não a conheces :) um abraço fraterno para ti e para o gilberto lascariz
pois, isto não anda mesmo nada fácil. belo post.