É sagrado como o destino: à medida que os Estados recuam na provisão de bens públicos, reforçam as áreas da repressão e da punição. Só assim parecem poder funcionar os mercados eficazmente.
Em Frankfurt, capital financeira da Europa, onde está a sede do BCE, aproveitando o feriado de quinta-feira e a ponte de sexta (claro que fazem pontes!), estava marcado um grande evento de protesto, debate e convívio que começava na noite de dia 16, com uma rave e acabava com uma manifestação no sábado.
Todas as actividades foram proibidas praticamente na véspera, à excepção da manifestação de amanhã, e cerca de 5 mil polícias foram enviados para a Frankfurt com um equipamento digno da guerra das estrelas.
As únicas actividades que se mantiveram foram os debates e conferências que estavam programadas para “dentro de portas”, na universidade e na sede de um sindicato, mas tudo foi dificultado pela presença de milhares de polícias que bloquearam literalmente a cidade, controlaram todas as entradas e impediram centenas de activistas de entrar, nomeadamente conferencistas e tradutores.
Foram afinal os polícias que acabaram por fazer o seu Blockupay, não contra as políticas da Troika e pela solidariedade europeia, mas contra a democracia e a liberdade de expressão.
O panico foi lancado em Frankfurt.
Por volta das 14H de quarta-feira recebi um email do instituto onde trabalho ordenando: ‘tem de sair ate as 18H e voltar apenas na segunda’.
Apesar das pessoas fazerem pontes (normalmente o patronato ‘oferece’ estes dias), a universidade, cantina, biblioteca,etc era suposto estar aberta na Sexta-feira. No entanto, os emails e cartas que recebi na quarta feira eram alarmantes: ‘nao saiam de casa’, ‘as portas serao fechadas’.
O Blockupy Frankfurt foi um aborto, o povo nao saiu a rua com medo das represalias. Mas mostra quem tem mais medo. Basta uma ameaca de manifestacao, e fecharam uma cidade inteira.
Isto tudo passou ao lado das noticias portuguesas e alemas. E eu agora nao estou em Frankfurt, portanto nao sei muitas noticias. Quando chegar, digo mais pormenores relevantes.