O que é que tem o Spectrum de diferente dos outros ?
O tempo histórico que nos une tem o ruído de uma cassete, o rshhhhhhhggggggggggiiiiiiiiiióóóóóóóó de um jogo a tentar entrar sob os nossos olhos num televisor em que o zapping era entre dois canais, nos longínquos botões do aparelho. Seguiu-se uma era PC, sem que terminasse o barulho de cassetes e os malfadados loading errors, mas essa é outra história. Agora que fizemos um ctrl-alt-del sobre o assunto e que o controlo remoto permite escolher outros canais ou, simplesmente, desligar o aparelho, estamos a redescobrir e reinventar o spectrum.
Este trabalho contínuo de reconstrução e o nosso inolvidável passado de pré-adolescentes que partilharam um ZX Spectrum da Sinclair – recordemos que eram tempos em que os heróis dos jogos sofriam de tetraplegia que impedia o movimento harmonioso dos quatro membros e que os dicionários multimédia são invenções recentes – não só nos dificulta a missão de caracterizarmos o nosso blogue, como nos impossibilita de organizarmos os povos e as pessoas, designadamente as que escrevem aqui, em gavetinhas de escrivaninha.
Ainda assim, se nos pedissem para descrevermos os assuntos do nosso blogue com palavras começadas pela sílaba “con”, diríamos que o Spectrum é mais orientado para a blasfémia convicta sobre o contemporâneo, o conterrâneo e o concorpóreo do que sobre o conciliatório, o condicente e o confortável. Sobre estes últimos assuntos já muito está escrito, sobretudo por pessoas que teimam em acreditar que não há assim tanto futuro para vir, e que, se vier, se apresentará de botinhas de lã e não com o ruído com que sempre se apresentou: rshhhhhhhggggggggggiiiiiiiiiióóóóóóóó.
[ZX Spectrum Crú]
M e r d a
Que caralhete!!!! Con Caralho!