Uma dor de cabeça para a Ana Drago, Daniel Oliveira e o tolinho do tavares.

 

socrates

Numa altura em que toda a gente começa a perceber que o problema está nos partidos do sistema que fazem o sistema dos partidos, as últimas semanas tem sido muito pouco animadoras para todos aqueles que por idiotice, desespero ou por arrogancia acham que se pode fazer algo com o ps.

Há pouco, pouco tempo, diziam que jamais, jamais,  haveria uma solução à esquerda sem o ps. Verão rapidamente que se meteram num buraco muito negro.

Mas haverá sempre a hipótese de ressuscitar com um novo 3D, ou um 4F ou 5E. Ou mesmo um Congresso Alternadeiro versão 5.0.

Ao fim e ao cabo o complexo de Henrique de Sousa manter-se-á: nada fazer e empecilhar qualquer verdadeira alternativa.

Uma merda pois.

Passatempo: descubram as semelhanças

muro

Há 18 anos nas Teses aprovadas no XVI Congresso do PCP falava-se da “experiência comunista real” nestes termos:

3. A luta pelo socialismo no mundo sofreu ao findar o século XX derrotas de ainda incalculáveis consequências para a luta dos trabalhadores e dos povos contra todas as formas de exploração e opressão, com a desintegração da URSS e dos regimes existentes nos países do leste da Europa.
Os acontecimentos mostraram que nesses países, apesar das grandes transformações e realizações democráticas revolucionárias de carácter económico, social e cultural, acabou por instaurar-se e instituir-se em determinadas circunstâncias históricas um “modelo” que violou características essenciais de uma sociedade socialista e se afastou, contrariou e afrontou aspectos essenciais dos ideais comunistas. Em vez do poder político do povo, um poder excessivamente centralizado nas mãos de uma burocracia cada vez mais afastado da intervenção e vontade das massas e cada vez menos sujeito a mecanismos fiscalizadores da sua actuação. Em vez do aprofundamento da democracia política, a acentuação do carácter autoritário do Estado. Em vez de uma economia dinamizada pela propriedade social dos principais meios de produção, uma economia excessivamente estatizada desincentivando progressivamente o empenhamento dos trabalhadores e a produtividade. Em vez de um partido de funcionamento democrático, enraizado nas massas e delas recebendo energias revolucionárias, um centralismo burocrático baseado na imposição administrativa de decisões tanto no partido como no Estado, agravado pela fusão e confusão das funções do Estado e do partido. Em vez de uma teoria viva e criativa, a sua dogmatização e instrumentalização.
A experiência revela assim que na construção da sociedade socialista as soluções adoptadas para os mais diversos problemas (organização económica, sistemas de gestão, estrutura do Estado, política social, intervenção popular, cultura) têm de estar constantemente sujeitas à verificação dos resultados, prontas à correcção e à mudança quando necessárias, abertas ao constante aperfeiçoamento e enriquecimento.
A experiência revela ainda que para impedir um distanciamento entre os governantes e as massas, o uso indevido do poder político, o abuso da autoridade, a não correspondência da política e das realidades com os objectivos definidos e proclamados do socialismo, desvios e deformações incompatíveis com a sua natureza – são essenciais o exercício efectivo do Poder pelo povo, o controlo popular e a consideração permanente do aprofundamento da democracia.
A história do século XX mostra por um lado que grandes transformações e conquistas de alcance histórico na construção do socialismo e um verdadeiro progresso social são inseparáveis da luta dos comunistas; mostra por outro lado que a assimilação crítica das experiências revolucionárias, positivas e negativas, é indispensável às forças que se proponham, no seu próprio país, pôr fim a todas as formas de exploração e opressão, construindo uma sociedade socialista.”

 

Hoje diz-se merda.

Com uma enorme vergonha alheia só se pode concluir que um partido que regride tanto, mas tanto, tem de renascer um dia destes.

Um ano com 40 horas

Faz hoje um ano que uma grande maioria de funcionários públicos começaram a fazer 40 horas de trabalho semanal. Um ano depois ninguém deste governo deve fazer ou querer fazer a mínima ideia da relação deste aumento de horas, a troco do mesmo salário, e o funcionamento da administração pública. Pouco ou nada importa em que é que este acréscimo de horas contribuiu para o a melhoria do funcionamento do Estado, ou seja, em que medida este aumento melhorou as nossas vidas (que é o mesmo que dizer o país, apesar do anedotário recente em torno da ignorância de que estas realidades coincidem). As escolas oferecem mais valências? Os tribunais avançaram os processos pendentes? As finanças tornaram-se mais expeditas? As bibliotecas abrem mais horas? Os hospitais e os serviços de saúde oferecem mais consultas mais operações? Maior horas de atendimento? A segurança social e o centro de emprego passaram a fazer as pessoas esperar menos e a resolver os pedidos que lhes chegam? Todos sabemos por demais as respostas.

Uma medida aprovada na AR por uma maioria parlamentar contra os votos dos restantes partidos, contra os parceiros sociais, todas as estruturas representativas dos trabalhadores, contestada nas ruas e nos ministérios. Uma medida imposta com esta arrogância sem ter bases que a sustentem ou suportem do ponto de vista do funcionamento ou benefício do Estado. Se dela não resulta nada em concreto ou em abstrato que se possa dizer a favor, o mesmo não podemos dizer do que isso significa de perdas incomensuráveis e irrecuperáveis na vida de todos e cada um sujeito a esse acréscimo de trabalho. A interrupção obrigatória do período da refeição transforma um dia de trabalho em nove horas, se juntarmos o tempo de deslocação, facilmente percebemos o que sobra no dia de cada funcionário, de cada trabalhador onde quer que ele esteja, e a um dia somam-se dias, e semanas, e meses, e anos. Menos uma hora para ler o jornal, conversar com os filhos, com os pais os avós, os vizinhos. Menos uma hora para ver filmes, estudar, percorrer novos espaços na cidade, plantar begónias. Menos uma hora para não fazer nada ou fazer tudo. Menos uma hora em cada dia para juntar forças a outros, seja num sindicato num grupo de bairro, na filarmónica, no grupo de teatro, no ténis de mesa. Uma hora a menos para amar.

As 40 horas, sem natureza económica ou de crises que as expliquem, só encontram o seu lugar na intensa batalha que o governo iniciou, muitos anos antes de governar sequer, muitos anos antes de qualquer troica, contra o trabalho. Baixar o valor do trabalho, subjugar de todas as formas e feitios aqueles que vivem dele, acelerar e aprofundar a dicotomia entre estes e o capital. A liberdade do capital só se faz estreitando-se, nas formas e conteúdos, o valor do trabalho. Criando exércitos de desempregados, embaratecendo toda a mão-de-obra e operando ideologicamente esta batalha que esmifra e verga a energia dos que fazem sem ter alternativa a não o fazer.

Por todos os serviços do Estado multiplicam-se os beneficiários das prestações de desemprego em contratos de inserção sem ter em vista o emprego, como forma de ocuparem de forma socialmente útil o seu tempo. São escolas e serviços de saúde abertos e a funcionar graças a esta mão-de-obra. Ao seu lado os que se foram reformando, assinando rescisões amigáveis, os que perderam em salários nos últimos quatro anos mais do que qualquer grupo ou classe profissional, os que trabalham a contratos há mais de 10 anos sem saberem se terão trabalho amanhã ou sabendo o que sabem os professores desempregados durante o mês de Setembro porque o concurso atrasou como Citus. Se pudessemos pôr todas as horas a mais trabalhadas neste ano num offshore, como a Tecnoforma, quanto é que elas estariam a valer?

Israel: 66 anos de Sabras e Chatilas.

Belém, 2008

Belém, 2008

Este blog já lembrou Sabra e Chatila aqui. A recente agressão perpetrada por Israel em Gaza faz-me voltar a este triste acontecimento precisamente no mês em que teve lugar o massacre há 32 anos : Setembro de 1982. Sabra e Chatila (subúrbio de Beirute) não é diferente de Deir Yassine (1948, perto de Jerusalém), Jenine (2002, norte da Cisjordânia) ou Shejayah (2014, subúrbio de Gaza cidade), todos eles relevam de uma vontade de vergar uma população, a palestiniana. O massacre que teve lugar em Deir Yassine ficará conhecido como o inicio do exílio palestiniano, cujo espectro de terror e matança deixado pelo caminho levou ao exílio dos sobreviventes. Deir Yassin é assim um dos momentos fundadores daquilo que é a Nakba (« catástrofe ») para os palestinianos e da criação do Estado de Israel para os sionistas. Ilan Pappé no seu combate intelectual para o estabelecimento dos factos de 1948 tem mostrado no seu trabalho como os responsáveis do massacre de Deir Yassin justificaram as atrocidades cometidas pela necessidade de seguir o plano Daleth. Não será difícil chegar à fonte primeira deste plano, mas chega uma breve procura na Wikipédia para se compreender no que consistia o programa implementado pelas forças sionistas. O plano Daleth assenta na lógica de destruição de todas as « bases inimigas » julgadas estratégicas e, concomitantemente, que a destruição dessas bases conduzisse à expulsão dos seus habitantes.

Duas razões levaram-me a começar este texto por Deir Yassin, uma primeira que diz respeito à Nakba e uma segunda que diz respeito a uma regularidade estratégico-militar utilizada por Israel. O êxodo, exílio, expulsão dos palestinianos em 1948 levou à dispersão dos palestinianos por diversos cantos, os menos abastados concentraram-se em campos de refugiados, entre os quais os de Sabra e Chatila, Jenine e Shejayah (este ultimo, considerado bairro popular com uma grande densidade populacional). As execráveis condições materiais de existência nas quais estas populações vivem, sejam eles no Líbano, na Cisjordânia ou em Gaza, propiciam aquele sentimento que Israel tenta apagar há 66 anos: o sentimento de se ser palestiniano e o apego à terra onde os antepassados nasceram. Dizer isto significa a implicação de todos os habitantes, com armas ou sem armas, na luta pela libertação da Palestina. Estes campos de refugiados, que ao longo dos anos foram-se literalmente cimentando, são berços de resistência, aquilo a que o plano Daleth chamaria hoje de “bases estratégicas” a destruir. Encontramo-nos, portanto, numa dinâmica de movimento e contra-movimento, na medida em que o movimento sionista fustiga o contra-movimento palestiniano.

A luta pela libertação da Palestina tendo sido exportada para o Líbano torna a dinâmica mais complexa, uma vez que ela mistura outras realidades geográficas, outras realidades étnico-religiosas. O massacre de Sabra e Chatila é consequência disso. Numa excelente tese de doutoramento, a historiadora Jihane Sfeir, mostra como a chegada maciça de palestinianos em 1948 ajudou a forjar a identidade libanesa (contra uma outra estrangeira) numa região onde as fronteiras ainda estavam muito pouco definidas… numa região que ainda era chamada por alguns de grande Síria. No Líbano, ao contrario de outros países de acolhimento como a Síria, os refugiados palestinianos de 1948 e seus descendentes nunca puderam aceder à naturalização libanesa, não podendo exercer por exemplo certas profissões ou adquirir propriedades, seguindo a lógica que estes iriam um dia voltar à Palestina. Na verdade a naturalização desequilibraria o já pouco equilíbrio demográfico existente entre comunidades religiosas no Líbano. Os Palestinianos não puderam naturalizar-se nem puderam de facto regressar à Palestina, mas voltemos a Sabra e Chatila… Foi nestes campos onde a Organização pela libertação da Palestina (OLP) reuniu o essencial da sua direção, entre os quais Arafat. Num país mergulhado numa guerra civil desde 1975 que opunha varias fações comunitárias e políticas, a questão palestiniana e mais particularmente a questão da ocupação israelita da Palestina não era obviamente secundária. É neste cenário que Israel invade o Líbano, em Junho de 1982, e à qual chamou o nome angélico de “operação de paz na Galileia”. E é em seguida neste cenário de invasão que se criaram alianças entre as forças sírias e os palestinianos no exílio, entre as forças israelitas e uma determinada fação dos católicos libaneses. Com o assassinato de Bashir Gemayel, presidente libanês e chefe das milícias falangistas aliadas de Israel, no dia 15 de Setembro de 1982, a situação acelerou rapidamente. Sabra e Chatila são cercados, sem saídas nem entradas, com a argumentação moral da parte de Israel da necessidade de preservar a ordem depois do assassinato do presidente libanês. Conta-se que o exército israelita armou os seus aliados libaneses e enquanto a aviação iluminava os campos, nas 48 horas seguintes, um massacre tem lugar em Sabra e Chatila (entre 700 e 3500 palestinianos são assassinados dependendo das fontes). Alguns dias mais tarde Ariel Sharon admite no Knesset (parlamento) que o exército israelita entrou em Beirute-oeste para acabar com as infraestruturas dos terroristas. Ou seja, o plano Daleth 1948 de erradicação das “bases estratégicas” do “inimigo” continuava na agenda dos sionistas em 1982. A direção da OLP tinha sido no entanto evacuada dias antes do massacre para a Tunísia. O massacre visou assim “pessoas normais sem nada de excepcional”, a não ser a excepcionalidade de serem palestinianos.

Esta é claro uma versão simplificada do acontecimento, mas que avança pistas que refutam a imagem que nos é transmitida pelo filme “A valsa com Bashir”, sobre o qual este blog também já dissertou aqui e aqui. A responsabilidade de Israel na gravidade deste massacre é de tal ordem importante que a beleza do filme aplaudido e premiado por todo o mundo, incluindo em Israel, é insuficiente. Insuficiente porque o filme apresenta o massacre como o fruto de uma parceria entre libaneses falangistas e Israelitas, onde uns e outros são cúmplices, onde a responsabilidade é tão partilhada que se dispersa nas vicissitudes malignas da humanidade. Não, o massacre de Sabra e Chatila não foi uma simples irregularidade histórica, ele tem origem na criação do Estado de Israel e nas ambições territoriais sem limites dos seus consecutivos governos. Não se pode estetizar despolitizando a culpa de Israel no massacre de Sabra e Chatila, porque em Jenine repetiu-se, porque o massacre em Shejayah continua, porque a Nakba não terminou. Citando Daniel Bensaid, “que a nossa língua cole ao céu da boca se esquecermos Jenine”. Quem diz Jenine, diz Sabra e Chatila, Deir Yassine ou Shejayah.    

Sou muito bom, Sou sempre a abrir !

Uverão

“Os convidados de esquerda são uma tradição na universidade de verão do PSD (Mário Soares, Correia de Campos e João Proença já passaram por lá), mas desta vez Rui Tavares é “provavelmente a pessoa mais à esquerda que já lá esteve”. Isto segundo o próprio.”

Os trabalhos arrancam com Marco António Costa e o encerramento será feito por Pedro Passos Coelho.

 

Realmente com a esquerda como anda talvez seja melhor tentar ir à direita. Afinal o meio do meio do meio da esquerda reformolucionária fica no psd.

 

ahahah

Relembrando o 22 de Março de 2012 – Algumas notas sobre o início do julgamento dos “acontecimentos do Chiado”

Um texto de Miguel Carmo

Olá.

O meu julgamento começa amanhã à tarde no Campus de Justiça e prossegue, pelo menos, nas próximas duas quintas-feiras.

O Ministério Público (MP) acusa-me, com base no testemunho de um polícia que assina o Auto de Notícia, de ter projectado uma cadeira de uma das esplanadas do Chiado sobre uma linha de polícias que na Rua Serpa Pinto protegia a detenção de um manifestante. Não tendo sido identificado durante a manifestação, nem em nenhum outro momento anterior ou posterior, o Auto refere que se fez uso para tal de informações do Núcleo de Informações da PSP, na forma que passo a citar: “trata-se de um indivíduo que é presença habitual neste tipo de manifestações/concentrações, pautando sempre a sua conduta de forma agressiva para com as Forças de Autoridade”. Ainda não é certo se este julgamento servirá para esclarecer a qualidade de polícia política que a PSP parece requerer para si no documento citado.

Passaram agora mais de dois anos sobre os “acontecimentos do Chiado” e a memória dilui-se. Nada que a Internet e os jornais da altura não reponham num instante. Foi dia de greve geral combativa, com várias manifestações a atravessarem o Chiado em direcção a São Bento. Perante a passagem de uma delas a PSP tem a ideia genial de deter um estivador que vinha rebentando petardos ao longo do percurso. É um homem de meia-idade com um pacemaker, cuja detenção provoca o espanto e reacção imediata dos seus amigos e depois a indignação de toda a manifestação. Foi este o momento inicial de um descontrolo policial que varreu, a vários tempos e intensidades, todo o Chiado até ao Largo de Camões com um balanço final de dezenas de feridos entre manifestantes, jornalistas e transeuntes. Nesse dia temos o Ministro da Administração Interna na televisão a explicar-se e dias depois a ser requerido pelo Bloco de Esquerda para uma audiência parlamentar convocada de urgência para o efeito; temos um inquérito aberto pelo IGAI ao comportamento da PSP, preenchido com declarações de várias pessoas agredidas; e temos o MP a agrupar num mega-processo penal cerca de uma dezena de queixas.

De tudo isto nada reza a história. Macedo é ainda Ministro da Administração Interna, os resultados do IGAI são aparentemente nulos e o MP arquiva todos os processos na fase de instrução, por falta de provas, todos à excepção daquele contra mim. A PSP atacou uma manifestação em dia de greve geral, o Ministro da Administração Interna defende-a e responde politicamente no parlamento; as várias queixas apresentadas contra polícias, tanto no penal como junto do IGAI, são arquivadas e esquecidas, sobrando um processo contra uma pessoa que, como milhares de outras desde o último mandato de Sócrates, têm participado e organizado várias manifestações. É disto que fala, em específico, a ideia de que a história é sempre a história dos vencedores.

Junto algumas ligações de Internet.

 

As audiências serão sempre às 14h, no 5º Juízo Criminal de Lisboa, 1º Secção (edifício “B” do Campus de Justiça, na Expo)

Agradeço divulgação em blogues e fb pois não os tenho. Que a denúncia seja por ora a nossa arma. Se alguém quiser produzir opinião com mais folêgo sobre esse dia/julgamento posso enviar documentação vária do processo, nomeadamente o despacho de acusação e a nossa contestação.

Abraços e beijinhos

Miguel Carmo

Ligações:
http://versaletes.blogspot.pt/2012/03/miguel-macedo-brinca-com-o-fogo_27.html
http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/2012/03/carga-policial-de-22-de-marco-mocao-de.html
http://jsgphoto.blogspot.pt/2012/03/22-de-marco.html
http://passapalavra.info/2012/03/54758

http://portugaluncut.blogspot.pt/2012/03/no-chiado-ordem-dos-factores-nao-foi.html

http://portugaluncut.blogspot.pt/2012/03/provocacoes-policiais-versao-uncut-em.html

http://portugaluncut.blogspot.pt/2012/03/um-acto-desproporcional-da-policia.html

 

 

Están perfectamente equivocados – Juan Gelman

gelman

Elogio de la culpa, por Juan Gelman:

¿Hubo que ser “inocente” para tener acceso a la categoría de “víctima de la dictadura militar”?

Mi hijo no lo fue. No fue “inocente”, sí víctima. Marcelo Ariel Gelman tenía 20 años cuando fue secuestrado en su casa por un comando militar, el 24 de agosto de 1976. También fue secuestrada su esposa Claudia, encinta de 7 meses. Los restos de Marcelo fueron hallados a fines de 1989, gracias a la abnegada labor del Equipo Argentino de Antropología Forense. Fue asesinado de un tiro en la nuca disparado a medio metro de distancia. Ahora tiene sepultura y es éste un hecho sumamente importante para un padre huérfano de hijo, como soy, porque el rescate de sus restos fue el rescate de su historia. Brevemente, es la que sigue:

Marcelo tuvo inquietudes políticas desde su niñez. A los 9 años me sorprendía con preguntas turbadoras –y pertinentes– sobre el Che y su consigna de crear varios Vietnam en América latina. Sé por compañeros de escuela de Marcelo que ya en la primaria ejercía la protesta. Le molestaba la injusticia. Molestar es palabra muy suave para lo que sentía: indignación. Sé también que a los 14 años estaba en la Juventud Peronista de la resistencia, poniendo caños contra las transnacionales. Como miles de jóvenes, confió en Perón. Tenía 16, 17 años y se desilusionó profundamente cuando Perón volvió al gobierno y apoyó a la fascista Triple A y calificó de “jóvenes imberbes” a los que habían luchado por su retorno. La desilusión no lo confinó en la pasividad. Se fue de la Juventud Peronista por la izquierda, con la Columna Sabino Navarro. Desilusionado otra vez, merodeó por el ERP, que tampoco lo convenció. Cuando lo secuestraron no tenía militancia partidaria, pero sí la suficiente historia militante como para que la dictadura militar lo considerara un enemigo. Encontraron su dirección en la libreta de anotaciones de una muchacha del ERP.

Estoy orgulloso de la militancia de mi hijo. A veces pienso que algo tuve que ver yo con ella y eso redobla mi orgullo y mi dolor. Mi hijo no era un “inocente”. Le dolían la pobreza, la ignorancia, el sufrimiento ajeno, la estupidez, la explotación de los poderosos, la sumisión de los débiles. Nunca se sintió portador de una misión, pero quiso cambiar el país para que hubiera más justicia. Hizo lo que pudo, callada, humildemente. De todo eso fue “culpable”. ¿Y no fue por eso víctima de la dictadura militar? Repito la pregunta: ¿Hubo que ser “inocente” para tener acceso a categoría de “víctima de la dictadura militar”?

Es verdad que hubo muchas víctimas inocentes de la dictadura militar. Por ejemplo, niños con vida y niños no nacidos todavía. Hombres y mujeres sin militancia alguna que sólo pertenecían a esa secreta intimidad llamada pueblo y que fueron también asesinados. La dictadura militar consideró “culpables” a decenas de periodistas que no pensaban como ella. A centenares de intelectuales que no pensaban como ella. A sacerdotes, abogados y a miles de obreros y estudiantes que no pensaban como ella. A los familiares de personas que no pensaban como ella. Y también a muchos que deseaban cambiar la vida, como pidió Rimbaud, y lo intentaban por distintos caminos.

¿Y por eso no son “inocentes”? Todos ellos, sea que canalizaran su voluntad de cambio por escrito, desde el púlpito, la cátedra, los sindicatos, centros estudiantiles, organizaciones populares, partidos políticos, o por las armas, ¿no son acaso víctimas de la dictadura militar? ¿Fueron encarcelados o fueron secuestrados, torturados y alojados en campos clandestinos de detención? ¿Tuvieron un juicio imparcial o fueron brutalmente asesinados? ¿Se les permitió ejercer su derecho dedefensa o les pegaron un tiro en la nuca desde medio metro de distancia? ¿Se notificó su paradero a los familiares o se los “desapareció”, creando una angustia que para muchos dura todavía? ¿Pudieron ejercer su derecho de pensamiento y expresión o fueron amordazados con la muerte más atroz, la muerte anónima? ¿Por qué no entrarían en la categoría de “víctimas”? ¿Porque querían cambiar la vida? ¿Se piensa acaso que los militares asesinaron inocentes “por error”? ¿Que son locos sueltos y no la expresión más despiadada de los intereses que quieren que la vida siga como está?

Y quienes hoy pretenden que todos los asesinados fueron “inocentes” o que sólo los “inocentes” son defendibles y aun reivindicables: ¿En qué sombrío negocio consigo mismo están? ¿Quieren borrar la historia con un trapo? ¿Piensan que la dictadura era mala cuando mataba inocentes –los “excesos”– pero que hacía bien en matar a los otros? ¿Son las gentes que bajo la dictadura decían “por algo será” cuando alguien, hasta un ser querido, desaparecía? ¿Y ahora otorgan diplomas de inocencia para que ningún asesinado los moleste y puedan “condenar” a la dictadura militar en olor de legalidad?

Esa hipocresía declarada encubre una infamia sin nombre: condona el asesinato de quienes no fueron inocentes y afirma la “inocencia” del hambre, la pobreza, la explotación de millones de seres humanos, su humillación y marginalidad. Da la razón a la dictadura militar y deja amplios espacios para que la infamia persista, victoriosa.

El 14 de octubre se cumplieron 2 años del hallazgo de los restos de Marcelo Gelman que, mezclados con cemento y arena, fueron arrojados al río Luján.

Texto : Somando Derrotas: a Desvalorização Interna e o Fracasso da Luta da Classe Trabalhadora na Grécia (TPTG)

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Tradução parcial de um dos últimos artigos do colectivo grego Ta Paidia tis Gallarias (As Crianças da Galeria), nome de uma publicação e do grupo responsável pela sua edição. Baseados em Atenas, integram a área antiautoritária na Grécia desenvolvendo uma perspectiva comunista focada no desenvolvimento da luta de classes e empenhada na  extinção do trabalho assalariado e do Estado.

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A forma que assumiu recentemente na Grécia quer a crise das relações sociais capitalistas quer a sua gestão pelo aparato político do capital, reflete as contradições acumuladas ao longo dos últimos 20 anos a todos os níveis da formação social do país, bem como as contradições inerentes ao processo da alegada “integração europeia”.

Na esfera ideológica das entidades económicas, a crise capitalista manifestou-se enquanto “crise de competitividade” e enquanto “crise da dívida soberana”.

Enquanto “crise de competitividade” porque a exploração do proletariado se revelou insuficiente em relação ao progresso da produtividade laboral, à adopção de uma moeda comum europeia sobreavaliada e à capacidade dos capitalistas na Grécia em obter margens de lucro altas, mantendo os preços altos devido aos altos níveis de procura que, por sua vez, se tornavam possíveis pelo influxo de crédito monetário barato após a adopção do Euro.

Enquanto “crise da dívida soberana” porque as tentativas de cortar nos salários indirectos não foram suficientemente bem sucedidas (veja-se, por exemplo, o falhado projecto lei “Giannitsi” em 2001 e outros numerosos esforços legislativos de reestruturação da segurança social), já que a despesa social continuou a aumentar desde 2000 até 2008, ao mesmo tempo que a tributação aos lucros do capital continuou a diminuir persistentemente. Neste caso, a despesa pública conseguiu aumentar durante algum tempo devido ao influxo de crédito monetário barato relacionado com a adopção do euro.

A eclosão da recessão global em 2008 provocou a explosão destas contradições poucos meses depois. A economia grega foi levada a uma profunda recessão e os lucros colapsaram, enquanto o défice da balança de pagamentos, o défice público e a divida nacional subiram enormemente.

As manipulações tanto do governo Papandreou como do Banco Central Europeu, que exacerbaram a “crise da dívida”, foram deliberadas: tanto a classe política europeia como a grega encararam a crise enquanto uma oportunidade de implementar uma dura política de “desvalorização interna” dirigida à decomposição do poder da classe trabalhadora na Grécia e à desvalorização ou destruição do capital não-produtivo.

A política de desvalorização interna adoptada nas medidas do infame “memorando” pode ser caracterizada enquanto uma política de desvalorização do capital. Os seus aspectos fundamentais são: uma ampla redução do salário directo e indirecto, resultando numa redução do valor da força de trabalho; o gigantesco aumento do exército de reserva do desemprego e de todas as formas de desemprego que possam comprimir salários e contribuir para o disciplinarização e intensificação do trabalho dos que ainda têm um emprego; um novo processo de acumulação primitiva através das privatizações e da proletarização de uma parte significante da pequena-burguesia; o aumento da carga tributária sobre a classe trabalhadora e o estabelecimento de medidas de austeridade permanente. As medidas económicas foram combinadas com a formação de um estado de emergência férreo, no qual as lutas sociais e de classe são reprimidas e criminalizadas enquanto o capital disfruta de total liberdade para violar o Direito civil – e até constitucional – de modo a poder explorar do modo mais eficiente e apropriado tanto a classe trabalhadora como a natureza. O resultado destas políticas foi a continuação e o agravamento da recessão, bem como a destruição de centenas de milhares de pequenos negócios e, finalmente, a centralização do capital.

Apesar da política de desvalorização interna ter resultado numa recessão prolongada, numa perspectiva de recuperação lentíssima e em níveis de desemprego gigantescos, a facção dominante do capital grego e europeu está determinada a levar o plano até ao fim, já que a parada para o capital não pode ser menos do que a reconstrução em novas bases do circuito de acumulação de capital, abandonando o prévio regime clientelista-corporativo de integração da classe trabalhadora, desconstruindo o reduzido Estado-social e decompondo o poder negocial da classe trabalhadora. O único factor que poderia derrubar esta política seria um movimento proletário verdadeiramente perigoso que tentasse abolir as relações sociais capitalistas. Nenhum sinal de tal movimento revolucionário surgiu até agora.

A política de desvalorização interna encontrou inegavelmente uma resistência significativa durante os primeiros dois anos da sua implementação: greves contra as redundâncias nos sectores público e privado, o movimento das praças e das assembleias de bairro, o movimento contra o trabalho clandestino, as manifestações de massas durante as inúmeras greves gerais e uma série de lutas sectoriais de trabalhadores e estudantes. Hoje temos de admitir que as lutas do período passado foram incapazes de parar as políticas adoptadas, apesar do adiamento que causaram à implementação de uma série de medidas. É crucial, para nós que estamos interessados em abolir e superar o miserável mundo do capital, procurar as causas deste falhanço

A principal razão do falhanço das greves está relacionada com o facto de, quer no caso das greves gerais convocadas pelo GSEE e pela ADEDY[1] quer no das lutas específicas dentro de um sector ou de uma empresa, estas terem permanecido sob controlo dos sindicatos. Por um lado, as greves de 24 e 48 horas funcionaram essencialmente enquanto válvula de escape e tiveram uma participação limitada na maioria dos casos, apesar de se terem verificado manifestações sem precedentes, no contexto das quais foram desenvolvidas práticas insurrecionais por grandes grupos de manifestantes. Por outro lado, as lutas sectoriais ou dentro de empresas deram-se na maior parte dos casos em isolamento. Não houve formas autónomas de organização de trabalhadores que conseguissem superar a lógica da tarefa, a obsessão com a legalidade burguesa e as separações sectoriais/corporativas reproduzidas pelos sindicatos.

O movimento das praças, com a sua principal expressão na ocupação da praça Syntagma durante dois meses, sugeriu uma superação da lógica sectorial e um questionamento dos partidos políticos da Esquerda, enquanto formas alienantes de representação da classe trabalhadora e do sistema político enquanto um todo. Contudo, as críticas permaneceram no nível do protesto político e da exigência de “democracia directa/real”, apesar do seu papel na convocação de greves contra o acordo intermédio[2] e na organização das lutas contra as forças do capitalismo em Junho de 2011. O aparelho do SYRIZA e de outras organizações teve uma participação dissimulada nos grupos fundamentais da sua organização e conseguiu dessa forma um controlo sobre o conteúdo e as formas de luta, ao promover uma ideologia nacionalista de Esquerda de “independência nacional”, “reconstrução produtiva da economia Grega” e “cancelamento da parte odiosa da divida”, etc. Talvez por esta razão tenha sido tolerada a presença de nacionalistas de extrema-direita, que faziam a sua propaganda sem qualquer problema na parte superior da praça entre as pessoas que se reuniam aí, desde trabalhadores em luta a pequeno-burgueses com ideais nacionalistas de direita. Para além do mais, esse aparelho fez tudo o que pôde para limitar a luta a um nível puramente simbólico, minando quaisquer sugestões práticas para a sua expansão, enquanto apelidava de “provocadores” os que lutavam com as forças de ordem nas manifestações de massas da altura.

O predomínio do discurso nacionalista no movimento das praças está directamente relacionado com a capitalização eleitoral das lutas contra as políticas do memorando, quer estejamos a falar da subida do SYRIZA, que o transformou em oposição, da formação dos Gregos Independentes ou do surgimento da Aurora Dourada. Uma secção considerável da classe trabalhadora e da pequena-burguesia depositam as suas esperanças numa inversão das políticas de desvalorização, através da eleição de um governo SYRIZA. Ao mesmo tempo, a ala direita dos que protestaram anteriormente com palavras de ordem nacionalistas como “patriotismo real contra os políticos traidores”, que inicialmente não tinha representação política efectiva, foi gradualmente integrada dentro dos Gregos Independentes ou da Aurora Dourada. A Aurora Dourada foi sistematicamente promovida pelos os media, por sectores capitalistas específicos (os armadores, por exemplo), por parte do clero e pelo aparelho de Estado. Assim, a deslegitimação do sistema político que havia predominado nos dois anos anteriores foi sucedida pela formação de novas entidades políticas, conduzindo à sua relegitimação.

A responsabilidade de uma parte considerável do movimento antiautoritário foi importante e determinou de certa forma o rumo do movimento das praças, já que se absteve do seu desenrolar ou lhe foi abertamente hostil, argumentando que era um movimento pequeno-burguês, apolítico ou que tolerava fascistas.

Com a recente experiência do fiasco da greve do sindicato dos professores (OLME) ou a amarga experiência da ocupação autogerida da companhia nacional de radiodifusão (ERT) pelos seus ex-empregados, contra a decisão governamental de reestruturar a ERT a partir do zero e despedir todos os empregados – uma ocupação que foi incapaz de se transformar no centro mediático do movimento contra a austeridade, apesar de muitas das pessoas que expressaram a sua solidariedade o terem solicitado – é necessário fazer alguns comentários finais sobre os sindicatos. Existe a opinião generalizada de que nas presentes circunstâncias o Estado já não necessita dos sindicatos, uma vez que ataca o poder de negociação da classe trabalhadora e abole a contratação colectiva. No entanto, a experiência da greve dos professores, que foi anunciada mas nunca concretizada, demonstra o contrário: os sindicatos são uma instituição de cogestão e reprodução da classe trabalhadora dentro dos moldes de produção capitalistas e, nesse sentido, adaptam-se às diferentes circunstâncias da acumulação capitalista. Se em tempos de desenvolvimento capitalista os sindicatos parecem ser os “factores” que conduzem a classe operária às “conquistas”, em tempos de crise estes parecem servir como garantia de “menos” perdas. No período que atravessamos, os sindicatos são necessários para o Estado no sentido de mediar, controlar e em última análise minar a raiva e o ressentimento.

Evidentemente que, enquanto trabalharmos em locais onde existem sindicatos, não podemos senão assistir às assembleias de modo a tomar decisões militantes e a organizar mobilizações. Mas se realmente queremos alcançar algo contra os ditames do capital é necessário superá-los e estabelecer formas autónomas de organização dentro e contra os sindicatos, que promoverão o desenvolvimento de laços efectivos de solidariedade e camaradagem. Quer queiramos quer não, a abolição da política de desvalorização interna será possível apenas através de uma luta abrangente contra o Capital e o Estado.

[1] N.do T.: Respectivamente Genikí Synomospondía Ergatón Elládos [Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos] e Anótati Diíkisi Enóseon Dimósion Ypallílon [Conferação Sindical dos Funcionários Públicos]

[2] N.do T.: Revisão efectuada em Junho de 2011 ao «Memorando» inicialmente assinado pelo Governo grego com a Troika no ano anterior, que implicou novas medidas de austeridade, nomeadamente um agravamento da carga fiscal e a contracção de diversos serviços públicos.

Projectos inúteis no Mundo – Desinformémonos

http://desinformemonos.org/

Fui dar ao site desta revista comunitária através do nome da sua editora, Gloria Muñoz Ramirez, autora de 20 y 10: El fuego y la palabra, que andei a ler por estes dias que medeiam entre o aniversário da formação do EZLN e do levantamento zapatista e que foi editado faz precisamente 10 anos por ocasião das referidas efemérides. Há uns dias atrás, lançaram este pdf, com tradução em vários idiomas (aqui em português) cujo tema me pareceu interessante. Os textos são curtos, são praticamente pequenos resumos, mas no final de cada um estão os links para as reportagens completas e mais informações sobre cada caso em particular. O site, este pdf e o livro dela são bastante recomendáveis a quem apoia o que vem de baixo e à esquerda. Segue o editorial:

ZAD

Ninguém lhes pergunta se querem ver uma estrada atravessando sua
floresta; se decidiram que seu povo seja inundado por uma represa;
se é urgente que as mineradoras levem o outro e a prata extraída dos
seus lugares sagrados; se é do seu desejo que um trem passe e destrua o seu vale, a toda velocidade; ou se faz falta ter um novo aeroporto sobre os seus cultivos; tampouco há a escolha entre o vento e a produção de energia da qual sequer se disfruta. A consulta, que além de ser um direito é um dever, simplesmente não existe quando chega uma empresa transnacional, sempre com o apoio dos governos da vez, e impõe uma forma de ver o mundo na qual o outro, a outra, e seu entorno, simplesmente não existem.

Escoltados pela palavra “progresso”, centenas de megaprojetos inúteis se impõem no mundo. Um Trem de Alta Velocidade no Vale de Susa, na Itália; uma hidroelétrica em Belo Monte, Brasil; um aeroporto em Notre-Dame-des-Landes, França; hotéis e campo de golfe nas ilhas de Las Perlas, em Panamá; minas no território wixárika do México e em Famatina,na Argentina; o agronegócio em Moçambique; uma estrada sobre um bosque russo ou empresas petroleiras sobre terras cultiváveis na Nigéria; até mesmo uma Cidade Modelo em território garinagu, em Honduras; os exemplos são somente parte do leque que compartilhamos com vocês nesta segunda etapa da nossa Revista Comunitária Desinformémonos.

Em cada uma das experiências, a constante não é somente a barbárie, mas o empenho dos povos para rejeitar projetos que não pediram, dos quais não necessitam e que não fazem parte da sua vida. Bloqueios às construções, marchas, atividades artísticas, piquetes e barricadas são algumas das manifestações para impedir que sejam levados a cabo. A autonomia é uma das respostas para enfrentar a investida com outra forma de organização local que coloca em evidencia a inutilidade dos megaprojetos impostos.

Distribuído em espanhol, russo, inglês, francês, italiano, alemão e
português, com um olhar global e comunitário, este número da Revista
Comunitária Desinformémonos é o nascimento de uma nova etapa deste projeto de comunicação de baixo e à esquerda.

Desejamos que seja útil.

Os profissionais da desordem

Aguarda-se reportagem amanhã no DN feita pela Valentina Marcelino a explicar quem foram os grupos radicais comunistó-libertárió-autonomistó-anarkó-qq coisa que lançaram o pânico e provocaram a manifestação. (Valentina querida o teu marido foi dos que estavam a jogar ao ataque ou dos que estavam a jogar à defesa?).

Aguarda-se também a lista de detidos, de feridos, de polícias atropelados e de polícias que atropelaram.

Aguarda-se o comunicado do Miguel Macedo a ilibar a CGTP.

Como dizia o outro: ” a revolta está em todo o lado”…

Fazer Pontes, Ocupar a Rua, Parar o porto de Lisboa

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No dia 19 de Outubro vamos bloquear o terminal de Alcântara do Porto de Lisboa, após a concentração da CGTP às 15h, em Alcântara. Vamos interromper a circulação de mercadorias no principal terminal de transporte marítimo de Portugal. Vamos apoiar a greve em curso dos estivadores.

Queremos parar um processo de precarização, reforçando a luta concreta no porto de Lisboa. Queremos fazer crescer outras lutas, noutros sectores da economia, noutras áreas da vida. Queremos dizer bem alto que o problema é a exploração e a acumulação obscena de recursos por uns poucos. Queremos dizê-lo numa linguagem que não possa mais ser ignorada. Queremos parar a economia e colocá-la nas nossas mãos.

O porto de Lisboa é uma plataforma comercial de dimensão internacional, europeia e atlântica, e um dos pontos mais evidentes da campanha de desvalorização do trabalho e também da resistência que a ela se opõe. Esta luta, a nossa luta, é internacional.

Os protestos do dia 19 de Outubro são uma escalada na luta, que deverá continuar até 26 de Outubro na manifestação do Que Se Lixe a Troika e por aí fora. Vem para a rua. Traz as tuas capacidades, as tuas dúvidas, a tua revolta. Vamos transformar a rua numa força em comunicação com todas as lutas, do trabalho ao desemprego, das pensões à miséria.

Esta é uma convocatória aberta e múltipla. Esta é uma convocatória sem porta-vozes nem dirigentes. Esta convocatória é de quem a apanhar

Evento no facebook

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ALERTA ANTIFA!! Todos ao Rato hoje as 20H!!

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Não é preciso explicar quem está por trás disto, certo?

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Na próxima terça feira, dia 23, Isilda Pegado e a sua pandilha habitual de bichas ultra-cobardes vão organizar uma vigília “Pelo Direito a uma mãe e a um pai” e exigir o chumbo da Lei da co-adopção que será votada no dia seguinte, quarta-feira 24.

Esta malta ignorante esquece-se é que o mundo arco-íris é bem mas afiada e criativo que eles e portanto claro que vamos convocar uma contra vigília / arco-íris nocturno para lhes ir apagar as velas e limpar as lágrimas. (:

Ideia: Iluminar a noite no máximo de cores possíveis
Como? Com lanternas (cobertas de papel celofane de cores diferentes, por exemplo), telemóveis com luzes arco-íris (https://play.google.com/store/apps/details?id=com.socialnmobile.flashlight), isqueiros, ou qualquer outra fonte de luz com cor para iluminar a estupidez daquelas alminhas preconceituosas que nos querem impedir de sermos famílias completas segundo a lei.

Com ou sem luz, apareçam na mesma!

Ponto de encontro às 20h30 em na saída de metro do Rato, para descermos juntas em direção à Assembleia da República. Venham. Partilhem. Juntem-se. ♥


Isilda Pegado, o nosso teletubby preferido, é (citando o Dezanove) “a presidente da Federação Portuguesa pela Vida, que lançou uma petição para que sejam revistas as chamadas “leis fracturantes” aprovadas pelos ex-governos de José Sócrates. Em causa estão as leis da reprodução artificial, interrupção voluntária da gravidez, divórcio, educação sexual, casamento entre pessoas do mesmo sexo e mudança de nome e sexo. Ao combate a estes direitos junta-se agora a co-adopção.”

Ponte 25 de Abril

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Estão cerca de duzentas pessoas cercadas por um quadrado do Corpo de Intervenção junto ao Viaduto Duarte Pacheco, depois de terem cortado a A5 e quando se encaminhavam para o acesso à Ponte 25 de Abril. Ainda não se sabe se vão ser levados para uma esquadra e detidos ou se serão apenas identificados e revistados. Este post será actualizado quando houve mais informações.

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Grupos radicais perigosos com ligações ao estrangeiro que cultivam os seus próprios pepinos e beringelas

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De uma testemunha no local:

A policia entrou hoje na Horta do Monte bem antes das 7h da manhã e agrediu pessoas, deteve outras e destruiu toda a horta. Construiu uma vedação em arame. Fechou a circulação ao trânsito. O caos foi instalado. As pessoas que ali chegaram pelas 7h para fazerem yoga e meditação foram surpreendidas por este cenário e tentaram dialogar com os responsaveis. Enquanto alguns activistas tiravam fotos do sucedido, a técnica da CML tentou impedi-los e um policia começou as agressões, seguindo-se depois a confusão. Várias pessoas foram agredidas e o nosso amigo Armand Munoz, quando tentava impedir e apelar à calma foi empurrado e bateu com a cabeça no chão. Partiu a cabeça, está em S.José, mas está bem, vai ser cozido.
A Cloé tirava fotos quando a técnica da CML se lhe dirigiu para a impedir de o fazer, tendo ela fugido, nessa altura foi agredida com 2 bastonadas por um policia municipal, o seu companheiro Mali tentou evitar a agressão e foi também empurrado e partiu aparentemente a máquina de fotografar. O Armand fez o mesmo e acabou no chão. Outras pessoas foram empurradas, levaram bastonadas. Agora o cenário é desolador.
O chefe da policia municipal no local era o oficial B. Soares mas havia vários policiais não identificados, dois deles tendo sido os autores das agressões. Estava também um carrinha com policias da PSP, uma ambulânica do INEM onde foi transportado o ferido, e vários veículos camarários dos jardineiros e trabalhadores de obras – que me manifestaram enorme desconforto nesta tarefa. E estavam 4 técnicos da CML.

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Saltimbancos

“Todos os países tinham o seu contingente de imbecis, de sacanas e de putas. Era preciso ser um débil mental para acreditar que se passavam coisas importantes noutros lados. A única diversidade era a da linguagem e a única novidade era que os mesmos imbecis, sacanas e putas se exprimiam numa língua diferente. Medhat recusava-se a absolver a aberração dos que aprendiam toda a espécie de idiomas estrangeiros a fim de penetrar o sentido das mesmas palermices que podiam ouvir na sua terra, sem precisar de se deslocar e gratuitamente. Pela sua parte, nunca se sentira tentado a percorrer o planeta à procura de sensações ditas transcendentes por se situarem em hemisférios distantes.

De que servia mudar de continente, aspirar a outros climas, se não se conseguia ver, em primeiro lugar, o que se passava à nossa volta?”

Albert Cossery, Uma conjura de Saltimbancos

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